Joelma embolsou mais de R$ 18 mil em dezembro
e o enteado de Azevedo quase R$ 12 mil, como motorista. Há suspeitas de que, durante o período de quatro anos, eles tiveram creditados em suas contas dinheiro de um esquema de gratificações montados para beneficiar um grupo que tinha ganhos maiores que secretários do estado.
Considerada a toda poderosa na administração passada, a secretária de gabinete do ex-prefeito de Itabuna, José Nilton Azevedo, Joelma Reis Santos, recebeu, nos quatro anos, milhares de reais a título de gratificação.
Documentos obtidos com exclusividade por A Região indicam que havia um verdadeiro saque aos cofres públicos. Enquanto os servidores tinham o adicional de insalubridade cortado, um grupo de privilegiados embolsava até oito vezes mais do que tinha direito.
O esquema seria comandado pela secretária de gabinete, apontada por muitos como “prefeita de fato”. Joelma trabalhava para incluir no próprio contracheque valores acima dos pagos a um secretário do governo do estado.
Um dos contracheques mostra que, em dezembro do ano passado, último mês de governo do homem que, em 2008, obteve mais de 52 mil votos alegando ter uma vida marcada pela “honestidade e simplicidade”, Joelma teve direito a receber nada menos que R$ R$ 18.324,10.
Os valores
Joelma, que matinha o controle da folha de pagamento, recebeu salário de R$ 3.926,59, mais R$ 3.926,59 de função gratificada, R$ 2.617,73 referentes um terço de férias, R$ 2.617,73 de “DF FER IND”, o mesmo valor de abono pecuniário e igual quantia por um terço de férias indenizatórias.
Foram descontados R$ 430,78 de INSS, R$ 1.959,25 de Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF), R$ 837,67 de Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), R$ 558,58 de prestação de empréstimo junto à BV Financeira e R$ 120 de outro convênio.
Ainda assim, a então secretária de Azevedo recebeu líquido, em dezembro, exatos R$ 15.251,57.
O montante que entrou na conta de Joelma foi maior do que os salários dos secretários de Estado e do vice-governador da Bahia, Otto Alencar, que (sem as gratificações e descontos) têm direito a R$ 14.919,95 mensais.
A secretária de gabinete de Azevedo conseguiu ser mais bem paga que o próprio Jaques Wagner, cujo salário é de R$ 17.276,56 mensais. Joelma Reis é funcionária efetiva e está nos quadros da Prefeitura de Itabuna desde 1º de janeiro de 1991, no cargo de analista administrativa.
Chofer de ouro
Outro chegado de Azevedo que embolsou somas astronômicas entre 2009 e 2012 foi o motorista Rolemberg Silva de Souza que, em outubro, por exemplo, teve direito a R$ 11.700 brutos. Por ser enteado de Azevedo, ele estava no grupo dos mais beneficiados pelo esquema de gratificações.
O motorista mais bem pago do Brasil recebeu R$ 4.500 de salário, R$ 900 de adicional noturno, R$ 4.500 de férias indenizatórias e R$ 1.800 referentes um terço de férias indenizatórias.
Com os descontos, que somaram R$ 1.119,35 (incluindo uma parcela de R$ 183,35 referentes a um empréstimo tomado no Banco Real), o motorista, que possui carteira nacional de habilitação categoria “C”, embolsou líquidos R$ 10.580,65.
O detalhe é que em Itabuna o salário de um motorista de ônibus é de pouco mais de R$ 1.100. Ele é funcionário público concursado desde 2008 e, nos últimos quatro anos, foi beneficiados com muitas gratificações. O atual governo instaurou um processo administrativo para investigar.
São pelos 30 casos de pessoas ligadas ao ex-prefeito e ex-secretários municipais que receberam valores muito acima de outras pessoas que ocupavam o mesmo cargo e tinham carga horária de trabalho similar. Um dos servidores tinha salário de R$ 3 mil, mas no final do mês embolsava R$ 17 mil.
Todos estão sendo investigados, muitos dos casos já estão departamento jurídico e eles podem ser punidos com a devolução dos valores, corrigidos, e demissão do serviço público por justa causa.
Maurício Athayde burlou lei para beneficiar amiga
e convocá-la na frente dos outros aprovados em concurso público realizado em 2008. O clima é de revolta entre os milhares de candidatos que investiram noites de estudo acreditando na lisura do concurso para diversas áreas do serviço público em Itabuna.
Os classificados e não convocados afirmam que o ex-secretário de Administração, Maurício Athayde, conseguiu empregar uma candidata que ficou na 34ª colocação, com 62,50 pontos.
Gabriela Grecco Bernardes conseguiu ser convocada na frente de pelo outras 10 pessoas que obtiveram melhor pontuação que ela.
O edital do concurso, realizado ainda durante o governo de Fernando Gomes, antecessor de José Nilton Azevedo, disponibilizava um total de 22 vagas para técnico administrativo. Com isso, Gabriela só seria convocada com a desistência de pelo menos 12 candidatos que estavam à sua frente.
A vida da servidora pública começou a mudar quando foi contratada como comissionada e, logo depois, segundo duas fontes, estreitou sua relação com então secretário Maurício Athayde. Por isso, não teve dificuldade em ver seu nome no edital de convocação no dia 9 de novembro de 2011.
Burlada
Pelo edital assinado pelo então prefeito José Nilton Azevedo, tudo parece ter transcorrido na mais pura normalidade. Para não chamar a atenção dos aprovados à frente de Grecco, o documento traz também o nome de Marcos Antônio Alves Meira, que foi classificado na 33ª colocação.
Pelo edital do concurso, homologado pelo decreto 7.963, de 4 de março de 2008, se a lei não tivesse sido burlada a servidora Gabriela Grecco não estaria no quadro de efetivos do município, recebendo R$ 2.309 mensais de salário.
Ela foi convocada para comparecer ao setor de recursos Humanos da Prefeitura de Itabuna entre os dias 14 e 21 de novembro, das 8 às 14 horas. Não teve nenhum trabalho, uma vez que já estava trabalhando em cargo comissionado na secretaria de Maurício Athayde.
Contestado
O concurso em que Gabriela conseguiu ser aprovada foi aquele cheio de erros primários. Na época, o A Região provou que quase metade das questões apontadas como certas pela Fundação de Apoio à Universidade Federal de São João Del-Rei (Fauf), na verdade estavam incorretas.
Os erros foram detectados no gabarito para os cargos de agentes de serviços gerais, auxiliar de infraestrutura e auxiliar de saúde pública. Das 20 questões sobre conhecimentos gerais, o gabarito da Fauf errava em 6. O gabarito só foi corrigido sete dias depois da denúncia de A Região.
A empresa cometeu erros na elaboração das questões e também nas respostas.
Uma das questões diz que Adonias Filho não havia nascido no sul da Bahia quando, na verdade, o escritor é filho de Itajuípe. Em outra questão a resposta tida como correta era a que afirmava que a “Ásia tem a maior concentração de muçulmanos”.
Fonte: http://www2.uol.com.br/aregiao/itab.htm
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